Morte de garoto que teve mangueira de lava-jato introduzida no ânus completa ‘dois anos de impunidade’, diz MP

Brasil

O adolescente de 17 anos, que perdeu parte do intestino ao ter uma mangueira de ar comprimido do lava-jato onde trabalhava introduzido no ânus, morreu depois de 11 dias internado na Santa Casa de Campo Grande.

Segundo a assessoria do hospital, o garoto voltou à ala vermelha por causa de uma complicação no esôfago que ocasionou perda de líquido e sangue. No início da tarde, ele sofreu uma parada cardíaca e os médicos tentaram reanimar por 45 minutos. O óbito foi confirmado às 13h35 (de MS).

Ele trabalhava no lava-jato na Vila Morumbi e no dia 3 de fevereiro sofreu a lesão no órgão íntimo durante uma brincadeira. O dono do lava-jato, de 20 anos, teria introduzido uma mangueira de compressão de ar no ânus do adolescente enquanto o outro suspeito, de 30 anos, o segurava.

A vítima foi levada até a Santa Casa em estado grave e passou por cirurgias. Ele perdeu parte do intestino. A pressão do ar foi tão intensa que estourou o intestino grosso e comprimiu os pulmões, trancando as válvulas respiratórias.

Hospitalizado na Santa Casa de Campo Grande, ele inicialmente ficou na área vermelha, foi transferido para a área amarela e depois para a enfermaria. Ele chegou a ficar fora de risco de morte.

A ação também foi testemunhada por um garoto de 11 anos. Em depoimento, ele afirmou que essa brincadeira era frequente entre a vítima e suspeitos. De acordo com o delegado Paulo Sérgio Lauretto, a vítima teria começado a brincadeira no dia do crime. O funcionário estaria no banheiro quando o adolescente teria esguichado água no mesmo por debaixo da porta.

Durante o crime, o jato de água foi lançado na região das nádegas e, mesmo por cima da roupa, danificou o organismo do adolescente. Os homens informaram o ocorrido aos familiares e se apresentaram, espontaneamente, na delegacia. Eles não foram presos porque assumiram  a responsabilidade do crime e não oferecem riscos à vítima, explicou Lauretto.

O caso, por enquanto, não foi registrado como abuso porque não ficou evidente a conotação sexual, de acordo com o delegado. A conduta foi tipificada como lesão dolosa, porque os suspeitos, mesmo que não tivessem a intenção de feri-lo acabaram machucando o garoto. Lauretto disse que no caso de morte, é considerado o agravante de dolo eventual.

A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) está investigando o crime.

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