Em seu primeiro 31 de março como presidente, Jair Bolsonaro determinou que as Forças Armadas celebrassem devidamente a data que instaurou 21 anos de ditadura no país. O argumento é que o movimento conseguiu “recuperar e recolocar o nosso país num rumo” e evitou “algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”. Os comandados receberam a ordem com constrangimento. Afinal, não se sabe como seria o Brasil se o perigo comunista tivesse triunfado por aqui, mas sabemos – ou deveríamos saber – dos estragos que a ditadura promoveu para supostamente “salvar a democracia”.Se havia algo de democrático no regime era a capacidade de transformar opositores em inimigos, muitos deles perseguidos, torturados e mortos, fossem homens ou mulheres. O regime representou também uma quebra na espinha dorsal de movimentos femininos que tomavam forma em um país que começava a se industrializar após a Segunda Guerra. Pouco antes do golpe, por exemplo, o Brasil possuía diversas associações femininas que reivindicavam igualdade de direitos políticos e profissionais e se mobilizavam contra despejos em favelas, o alto custo de vida e até contra o envio de brasileiros à guerra da Coréia. Mulheres como Bertha Lutz, líder na luta pelos direitos políticos, Romy Medeiros,…