O estudante do curso de Ciências Sociais denunciado por racismo dentro do campus da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) foi ouvido pela Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (12), na Central de Flagrantes, em Salvador. Conforme o delegado João Mateus, que investiga o caso, o suspeito disse que não pegou a prova da mão da professora por “questão de energia”.
O delegado informou que Danilo Araújo de Góis disse, durante o depoimento, que o caso não passou de um “mal-entendido” e que ele não costuma pegar objetos na mão de pessoas desconhecidas por “questões particulares em relação a religião”.
“Ele se predispôs a ser ouvido e, na verdade, ele negou ter praticado a atitude racista e disse que não passou de um mal-entendido, porque ele é uma pessoa sensitiva, ele tem algumas questões particulares em relação a religião dele, que ele lê muito a bíblia e lê muito cânticos e ele tem uma hipersensibilidade”, disse o delegado.
“Ele disse que se sente mal se aproximando de qualquer pessoa, então evita entrar em contato e pegar coisas das mãos de quem ele não conhece e tocar em pessoas que ele não conhece, porque ele se sente mal muitas vezes quando faz isso”, concluiu o delegado João Mateus.
Ainda segundo o delegado, o estudante Danilo Góis disse que não falou nada ofensivo para professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis e em relação a cor de pele dela. “Ele disse que preferiu pegar a prova direto da mesa e não pegar das mãos da professora, mas que não falou nada para ela, não disse nada ofensivo, não se referiu a nada relacionado a cor da pele dela”.
O estudante contou para o delegado que passou por uma situação parecida uma semana antes, e que o caso não foi considerado racismo, porque a professora não era negra.
Ele também disse que na semana anterior teve uma situação parecida com outra professora, que ele solicitou que ela deixasse os documentos na mesa, para que ele pegasse diretamente da mesa, mas que não houve nenhuma conotação pejorativa e, inclusive, essa outra professora não é negra”, contou o delegado.
Ainda segundo o delegado João Mateus, Danilo Góis contou que não conseguiu se explicar para a coordenadora da UFRB, porque os alunos começaram a gritar e chamar ele de racista.
“Ele se defendeu nesse sentido e disse que não pôde explicar isso, porque no momento dos fatos, o pessoal ficou exaltado, os alunos começaram a xingar, gritar e chamar ele de racista. Ele disse que não teve como explicar isso para a coordenadora, saiu da faculdade e foi obrigado a sair da residência universitária, porque ele recebeu agressão, sofreu ameaças”, disse.
G1