Se o clássico é o expoente do nosso esporte, mais uma vez o MP Estadual recomenda e FBF, Clubes e Governo do Estado não garantem, por incapacidade de gestão, as duas torcidas no estádio
“Pense no absurdo tem precedente na Bahia”. Ironicamente a frase é do ex-governador Otávio Mangabeira que deu durante décadas o nome à Fonte Nova, hoje local elitizado, que afastou o povo de lá e ainda faz ‘duelo’, que não é mais um espetáculo esportivo de rivalidade nas arquibancadas.
Tudo isso apenas porque o Ministério Público Estadual, com base em problemas havidos em clássicos anteriores, e até gravíssimos não se pode negar, com morte de cidadãos após ou antes das partidas, mas nunca dentro do estádio – esse fato aconteceu unicamente em 25 de novembro de 2007 quando 7 torcedores caíram das corroídas arquibancadas e, pior, não foi num clássico e que sequer foram homenageados pelo Clubes e muito menos a FBF –, recomendou – MP não determina nem impõe – que o jogo de hoje, 3, de fevereiro, pela Copa do Nordeste, seja apenas com a torcida do time mandante, no caso o Bahia.
Os frágeis e ineficazes dirigentes da Federação Bahiana de Futebol (Fracasso) e o Governo do Estado – responsável pela Segurança Pública – não têm capacidade de garantir que no estádio, no entorno dele e nas proximidades haja minimamente segurança para os milhares de torcedores tricolores e rubro-negros que desejariam ir à partida.
A ausência de uma das torcidas no estádio – que é muito diferente de ver na TV – demonstra a falência da gestão do futebol na Bahia – que teve à frente um arrogante e incapaz que hoje se orgulha de ser 8º vice da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), onde também vai fracassar pois nada vai fazer por nosso esporte das massas – e a omissão do Governo da Bahia em gerir a Segurança Pública, beira ao ridículo. Aliás, nos últimos 12 anos, os crimes violentos no Estado cresceram em torno de 100% (cem por cento), e não foi por causa do BaVI. Não se pode negar que o governador Rui Costa pediu a presença das duas torcidas, mas no caso de uma autoridade dessa envergadura não basta apenas pedir. Tem que oferecer garantias.
Enfim, FBF e Governo do Estado se acomodaram (ou acovardaram?) por causa da orientação do Ministério Público que recebeu denúncia no caso do Programa Sua Nota é Um Show, e arquivou, e a Justiça que se omitiu no caso Liédson – que caducou no Tribunal de Justiça da Bahia, a pior do Brasil, não permitindo punição por ‘prescrição’ e ninguém foi quando deveriam ser punidos.
Por isso, apesar de todos os elogios que os baianos – do povo, artistas e intelectuais recebem no Brasil e país afora – essa macula é motivo de comentários jocosos nos meios esportivos, demonstrando a ‘malemolência’, que uns dizem ser ‘preguiça’, porque outros MP’s de outros estados tentaram impor torcida única e federações e governos do Rio de Janeiro (que vive uma crise na segurança pública) e São Paulo (que reduziu o número de mortes violentos) e rechaçaram.
O baiano não é pior do que nenhum dos coirmãos, não é mais violento, menos inteligente e nem vivemos nos tempos da caverna. Mas assim pensam, e se comportam os que tomam conta, mas não administram seriamente, o nosso futebol e o nosso Estado. Engavetam o termo ‘estadista’.
E também é péssimo ler, ver e ouvir a omissão da imprensa (parte) que se cala em razão da verba publicitária da FBF e também dos Governos (Municipal e Estadual).
Triste Bahia. Mas, ainda não se deve perder a esperança.
Yancey Cerqueira,
Radialista DRT/BA 06
Obs.: O ‘jogo’ vai ser transmitido por um dos canais Fox, que adquiriram os direitos da Copa do Nordeste, desprezada por alguns clubes com medo de represália da Rede Globo, pela FBF, e que voltou por causa de uma ação do ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro.