A terceira morte causada pelo mosquito Aedes Aegypti em Candeias, na Região Metropolitana a 46 km de Salvador e que tem 89 mil habitantes, deixa sob tensão todos os moradores e quem precisa ir à cidade que, inclusive, recebe em torno de 2 mil turistas religiosos nos fins de semana para visitar a Fonte dos Milagres e o Santuário de Nossa Senhora das Candeias.
Lorrane Pereira dos Santos de Jesus, de 7 anos, chegou a ser atendida numa das unidades de emergência na quinta-feira, dia 5/09, mas sequer houve diagnostico sobre qualquer doença. Recebeu apenas medicação de doses de dipirona.
No domingo, dia 8/09, com o quadro agravado, a família levou para o Hospital Tereza de Lixieux, em Salvador, onde a menina morreu de dengue hemorrágica na segunda, 9/09.
Outras mortes
Este ano, houve outras duas mortes em Candeias por causa da ação do ‘mosquito da morte’, o Aedes Aegypti, uma por dengue e outra por chikungunya.
Dados de julho/19 da Secretaria de Saúde do Estado, Candeias é a cidade com grande incidência em relação aos 417 municípios baianos (dados link abaixo). A incidência do mosquito na cidade é duas vezes maior que a segunda colocada.
Campanhas?
A falta de campanhas em massa publicidade e de orientação à população pelos meios de comunicação – rádios, sites, etc., – pode ser apontada porque Candeias está nesse patamar de ‘líder de incidência do mosquito da morte’.
Apesar de contar com agentes comunitários de saúde a agentes de endemias em número suficiente, apenas a presença deles nas ruas, ou visitando casas, algumas delas fechadas e onde não têm acesso, pode ser apontado como um dos motivos principais para essa situação.
Essa ‘responsabilidade’ é da Secretaria Municipal de Saúde com orientação do Ministério da Saúde, que define critérios e normas, e da Secretaria Estadual de Saúde.
Em algumas cidades foi preciso utilizar ações judiciais para entrar em casas teoricamente abandonas. Em Candeias, isso não foi feito.
Ou seja, em resumo, faltou ação da Secretaria de Saúde e da Prefeitura do município, prevenção e denodo no combate ao ‘mosquito da morte’.
Ministério da Saúde – Dengue
Minas Gerais é, até o momento, o estado com o maior número de ocorrências, com um total de 471.165. Um ano antes, os municípios mineiros registravam 23.290 casos. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse hoje (11) que a região que mais preocupa este ano com relação à incidência de dengue, com a chegada do período chuvoso, é o estado da Bahia como porta de entrada da doença no Nordeste.
São Paulo (437.047) aparece em segundo lugar, sendo, ainda, a unidade federativa em que a incidência da doença mais cresceu (3.712%), no intervalo de análise. Em 2018, foram reportados 11.465 casos. Também são destaque negativo no balanço Goiás (108.079 casos), Espírito Santo (59.318) e Bahia (58.956).
Atualmente, a taxa de incidência da dengue no país é 690,4 casos a cada 100 mil habitantes. No total, 591 pacientes com a doença morreram, neste ano, em decorrência de complicações do quadro de saúde.
Aedes Aegypti
O Ministério da Saúde convocou a população brasileira a continuar, de forma permanente, com a mobilização nacional pelo combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, doenças que podem gerar outras enfermidades, como microcefalia e Guillain-Barré, o Aedes Aegypti.
O período do verão é o mais propício à proliferação do mosquito Aedes aegypti, por causa da chuva, e consequentemente é a época de maior risco de infecção por essas doenças. No entanto, a recomendação é não descuidar nenhum dia do ano e manter todas as posturas possíveis em ação para prevenir focos em qualquer época do ano.
Por isso, a população deve ficar atenta e redobrar os cuidados para eliminar possíveis criadouros do mosquito.
Menor que os mosquitos comuns, o Aedes Aegypti é preto com riscos formando um pequeno desenho semelhante a uma taça no tórax e listras brancas na cabeça e nas pernas. Suas asas são translúcidas e o ruído que produzem é praticamente inaudível ao ser humano.
O macho, como os de qualquer espécie, alimenta-se exclusivamente de frutas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos que são depositados separadamente nas paredes internas de objetos, próximos a superfícies de água limpa, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência. No momento da postura são brancos, mas logo se tornam negros e brilhantes.
Em média, cada A. Aegypti vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença.
Foco de Aedes aegypti
O Aedes aegypti é um mosquito urbano, embora já tenha sido encontrado na zona rural, onde foram levados em recipientes que continham ovos ou larvas. Próprio das regiões tropical e subtropical, não resiste a baixas temperaturas presente em altitudes elevadas.