O ato de balançar as pernas repetidas vezes ao longo do dia e também durante à noite é uma situação comum na vida de muitas pessoas. Para algumas delas tudo isso é normal, mas para outras pode estar relacionada à síndrome das pernas inquietas. Segundo a médica especialista em doença do sono, Anne Stephane, além da síndrome das pernas inquietas, também existem pessoas que ficam mexendo as pernas no dia a dia, nesse caso isso pode estar relacionado a transtornos de ansiedade. Além disso, segundo explica, ainda há casos de tique nervoso, que é um movimento involuntário e é mais conhecido dentro da medicina como miofasciculações.
“O tique é na verdade um escape neurológico que ocorre na junção na fibra muscular com o neurônio e isso gera um movimento involuntário do músculo. Geralmente também está associado com o estresse, com ansiedade e pode também estar associado com crises convulsivas e outros males. Já a questão da agonia nas pernas ao longo do dia é um sintoma de um diagnóstico diferencial, que é a ansiedade. Pessoas ansiosas têm uma necessidade de mexer a perna o tempo inteiro, muitos vezes por hábito mesmo. A síndrome de pernas inquietas é a urgência para mexer as pernas ao final do dia, em repouso. Só melhora a agonia depois que a pessoa mexe as pernas. Isso está associado à insônia, pois dificulta o início do sono. Enquanto ele não mexe as pernas ele não consegue dormir”, explicou.
Apesar da síndrome das pernas inquietas está relacionada ao início do sono, a médica especialista afirma que não se restringe apenas a essa fase do sono. De acordo com ela, pacientes que têm uma gravidade muito grande, podem desenvolver a síndrome ao longo do dia.
“Por exemplo, quando esse paciente vai fazer uma viagem de ônibus e não aguenta ficar parado. Ele começa a mexer a perna, pois é uma urgência. Isso é um diagnóstico clínico, não precisa de exames laboratoriais, não precisa de exames do sono. A gente só precisa entender através da história, conversando com o paciente, entendendo quais são as circunstâncias que o levam à necessidade de mexer as pernas”, afirmou.
A médica Anne Stephane destaca ainda que em todas as circunstâncias é importante procurar um médico, pois a primeira coisa que se deve fazer é o diagnóstico. Segundo ela, a síndrome das pernas inquietas é tratável e é uma patologia pouco diagnosticada por ser pouco conhecida.
“Apesar de ser uma síndrome tratável, tem pacientes que chegam ao suicídio por conta dessa doença. A gente precisa fazer um diagnóstico diferencial para saber se é ansiedade, crise convulsiva ou síndrome das pernas inquietas”, afirmou.
Causa e tratamento
A médica especialista do sono Anne Stephane informa que a principal causa da síndrome de pernas inquietas é a deficiência de ferro. Sendo assim, algumas vezes, apenas a reposição do ferro resolve o problema. Porém, em outros casos, é necessário tratamento medicamentoso.
“É uma doença muito comum na gestante, pela queda do ferro durante o processo gestacional. Então muitos pacientes resolvem apenas com a reposição de ferro. Mas em alguns casos há a necessidade de terapia medicamentosa, associada a terapia não medicamentosa, para o tratamento da ansiedade, que piora a síndrome de pernas inquieta, então tem meditação, terapias holísticas, atividades físicas, entre outras”, afirmou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade