As denúncias do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a tentativa de interferência política de Jair Bolsonaro (sem partido) em investigações da Polícia Federal (PF) foram utilizadas na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem, o amigo de Carlos Bolsonaro, no comando da PF.
“São fatos notórios, além de documentados na inicial, que, em entrevista coletiva na última sexta-feira, dia 24/4/2020, o ainda Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Fernando Moro, afirmou expressa e textualmente que o Presidente da República informou-lhe da futura nomeação do delegado federal Alexandre Ramagem para a Diretoria da Polícia Federal, para que pudesse ter ‘interferência política’ na Instituição, no sentido de ‘ter uma pessoa do contato pessoal dele’, ‘que pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência’”, escreve Moraes.
Na decisão, Alexandre de Moraes ainda lembra que o próprio Bolsonaro confirmou as acusações de Moro: “Essas alegações foram confirmadas, no mesmo dia, pelo próprio Presidente da República, também em entrevista coletiva, ao afirmar que, por não possuir informações da Polícia Federal, precisaria “todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial nas últimas vinte e quatro horas”. “Sempre falei para ele: ‘Moro, não tenho informações da Polícia Federal. Eu tenho que todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial nas últimas vinte e quatro horas, para poder bem decidir o futuro dessa nação”, disse Bolsonaro.