O ar bucólico das praias do Recôncavo, tão apreciado pelos nativos e veranistas, já não é o mesmo de antes. Faz cerca de três anos que os casos de arrombamentos em Saubara vem mudando drasticamente o cenário – os relatos dão conta de que nove casos aconteceram em dois meses este ano nos distritos praieiros de Cabuçu e Bom Jesus dos Pobres. Só este ano, a Polícia Civil investiga 22 inquéritos sobre furtos em residências da região.
O CORREIO esteve em Saubara e constatou o reflexo dessas ações criminosas: inúmeros imóveis de alto padrão estão à venda entre Cabuçu e Bom Jesus dos Pobres. “Por onde se olha tem placas de ‘vende-se’. Isso nunca aconteceu. Antigamente, para se comprar uma casa aqui era um sacrifício. Ninguém queria se desfazer porque era um local agradável de viver, de passar o final de semana com a família. Hoje, o que não falta é gente querendo sair daqui. Não tem segurança. É assalto a toda hora, as casas à beira da praia são arrombadas toda hora”, contou um morador de Cabuçu.
Além dos casos de arrombamento, um outro problema atormenta moradores e veranistas de Saubara: a rivalidade entre as facções Katiara e Bonde do Maluco, o BDM (leia mais ao lado). “Aqui quase não se vê revólver. Os caras andam de pistolas e metralhadoras. Circulam de moto para cima e para baixo”, relatou um morador.
Com a violência, vieram os arrombamentos. O CORREIO apurou com alguns donos de mansões à beira-mar que, entre junho e julho, pelo menos nove imóveis do tipo foram arrombados pelos criminosos – levaram tudo o que puderam carregar, como eletroeletrônicos.
A situação mais recente aconteceu no dia 9 deste mês, quando bandidos invadiram a casa de um major aposentado da Polícia Militar. O imóvel fica próximo à entrada do bairro Riacho Doce. Nesse dia, outra casa também teve as portas abertas à força pelos bandidos.
“Eles usaram alguma coisa para ter acesso. Mexeram em tudo. Os donos ainda não prestaram queixa”, contou uma professora universitária de Salvador, cuja família tem uma mansão em Cabuçu que foi arrombada e saqueada no dia 15 de junho, na Rua da Praia – um prejuízo de R$ 3,5 mil.
“A gente fica exposto. Essa época não tem policiamento no local. É um lugar que a gente tem para reunir a família duas vezes no ano – férias de São João e dezembro. Tenho esperança que as coisas vão melhorar, mas enquanto não houver segurança de fato não pensamos em voltar lá. É a insegurança impedindo a gente de usufruir do nosso patrimônio”, declarou.
Segundo a Polícia Civil, operações conjuntas têm sido feitas na região e prisões ocorreram. As investigações concluíram, até o momento, que os arrombamentos têm como objetivo a troca e venda dos objetos para a compra de entorpecentes.
A maioria das mansões invadidas é ocupada pelos donos duas ou três vezes no ano. Boa parte deles têm caseiros, mas isso não impede a ação dos criminosos que ainda são audaciosos. “Em alguns casos, arrombaram com os caseiros, que nada podiam fazer. Em outro caso, chegaram a fazer uma festança que durou mais de um dia, com direito a banho de piscina, muita bebida e outras coisas”, contou a professora.
Fonte: Correio24Horas